Monday, April 30, 2007

Cientistas fazem a primeira descoberta de um planeta habitável fora do sistema

24/04/2007 - 13h22

Cientistas fazem a primeira descoberta de um planeta habitável fora do sistema

PARIS, 24 abr (AFP) - Um planeta "do tipo terrestre habitável", capaz de abrigar vida extraterrestre, foi detectado pela primeira vez por uma equipe de astrônomos em um sistema planetário extra-solar, segundo um estudo que será divulgado na quinta-feira na revista Astronomy and Astrophysics.

Segundo os cientistas, este exoplaneta, que gira em torno da estrela Gliese 581 (Gl 581) a 20,5 anos-luz de nosso planeta, é o primeiro dos cerca de 200 conhecidos até hoje a "possuir ao mesmo tempo uma superfície sólida e líquida e uma temperatura próxima da encontrada na Terra".

Ele reúne as características "que permitem imaginar a existência de uma eventual vida extraterrestre", ressaltou em um comunicado o Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS), cujos três laboratórios associados participaram da descoberta, com pesquisadores do Observatório de Genebra e do Centro de Astronomia de Lisboa.

A temperatura média desta "super Terra, se situa entre 0 e 40 graus Celsius, o que permite que haja a presença de água líquida em sua superfície", segundo o principal autor do estudo, Stéphane Udry (Genebra).

Além disso, acrescentou, "seu raio seria 1,5 vez o da Terra", o que indicaria "ou uma constituição rochosa (como na Terra), ou uma superfície coberta de oceanos". A gravidade em sua superfície é 2,2 vezes a da superfície da Terra, e sua massa muito fraca (5 vezes a da Terra).

Descoberto com o telescópio "Harps" de 3,6 m do Observatório Espacial Europeu (Eso) da Silla, no Chile, este planeta orbita em 13 dias em torno da estrela Gliese 581 (Gl 581), da qual está 14 vezes mais próximo do que a distância da Terra para o Sol.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2007/04/24/ult1806u5921.jhtm

COMENTÁRIOS:

Todas as discussões sobre a possibilidade de vida extraterrestre envolvem o debate sobre a validade da equação Drake, equação criada por Carl Sagan e Frank Drake, para demostrar que é plausível até encontrar vida inteligente em buscas científicas por ela:

N=R* x fp x ne x fl x fi x fc x L

N= número de civilizações em nossa galáxia capazes de se comunicar

R*= velocidade de formação de uma estrela durante a existência de uma galáxia

fp= fração de estrelas que possuem planetas em sua órbita

ne= média dos planetas, por estrela, com as condições para garantir o surgimento e a evolução da vida.

fl= fração de planetas em que a vida de fato vai surgir

fi= fração de planetas em que a vida inteligente se desenvolverá

fc= fração desses planetas que desenvolverão civilizações técnicas, com potencial para se comunicar

L=duração dessa civilização

Ernst Mayr, biólogo evolucionista falecido em 2005 e crítico da equação Drake diz que "fi" e "fc" são superdimensionados:

"O desenvolvimento do cérebro humano é uma mutação que não necessariamente trouxe vantagens evolutivas à espécie. Foi uma aposta que deu certo até agora, mas nada indica que continuará dando*".E conclui:

"Quando se coloca na equação a variável de que os homens só desenvolvem cultura quando vivem em sociedades humanas e, antes, são cuidados por mães e pais até o fim da puberdade, a complexidade dos processos de produção de uma civilização tecnológica atinge um grau tal que talvez não possa ser repetido em nenhum outro lugar*".

Não deixo de concordar com Mayr e adiciono a complexidade de uma outra variável: a probabilidade da origem da vida.Quão plausível é surgir vida em condições ambientais de outros planetas?Se temos dificuldades para saber quais eram as condições iniciais da Terra primeva (fato que traz complicações ao programa de pesquisa sobre a abiogênese), quem dirá a de outros planetas.Outra coisa: até agora, nossas ondas de rádios mais "antigas" já percorreram mais de 70 anos-luz e nada de resposta de ETs.

Referência:

*Corrêa cit.Mayr(2007)."Uma nova Terra".Veja, edição 2006, 2 de maio de 2007.