Tuesday, May 29, 2007

Anticorpos humanos neutralizam o vírus H5N1 da gripe aviária, diz estudo

da France Presse, em Washington

Cientistas suíços conseguiram imunizar ratos de laboratório contra a cepa H5N1 da gripe aviária, usando anticorpos humanos retirados de sobreviventes do vírus potencialmente mortal, revelou um estudo publicado ontem na revista americana "PloS Medicine".

Os resultados do estudo podem produzir um tratamento eficaz contra o patógeno, temido porque uma eventual mutação do vírus poderia provocar uma pandemia, com potencial para matar milhões de pessoas.

"Se confirmarmos em laboratório e testes clínicos o sucesso deste estudo inicial, os anticorpos (...) poderiam ser um tratamento terapêutico e profilático importante em caso de pandemia", disse o médico Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional Americano de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID), que participou dos trabalhos.

"A possibilidade de uma pandemia de gripe de origem aviária, provocada pelo H5N1 ou outro vírus contra o qual os humanos não tenham qualquer proteção natural, é uma preocupação maior das autoridades de saúde pública no mundo", acrescentou em um comunicado.

Os anticorpos descobertos foram produzidos em grande quantidade a partir de amostras de sangue de quatro adultos vietnamitas que sobreviveram a uma infecção gripal causada pelo H5N1 e cuja doença foi diagnosticada entre janeiro de 2004 e fevereiro de 2005.
Os ratos sem os anticorpos, expostos a uma carga viral mortal do vírus H5N1, morreram em poucos dias.

Ao contrário, dos 60 ratos infectados com o vírus H5N1, que circulou no Vietnã em 2004, mas tratados com diferentes doses de anticorpos produzidos a partir do sangue dos quatro vietnamitas, 58 sobreviveram.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u300420.shtml

COMENTÁRIOS:

A seleção natural realmente é um mecanismo curioso.Se por um lado os vírus evoluem, os "alelos imunológicos" também.A "corrida armamentista" na evolução sempre está incentivando a co-evolução.

Taxas aumentadas de mutação em locais onde é vantajosa ter nível alto de variação genética gerando variabilidade de anticorpos é um dos motivos pelos quais não é correto dizer que as mutações são aleatórias, no sentido que ocorrem mais frequentemente em algumas localizações e sob algumas circunstâncias.Foi isso que ajudou o surgimento desses anticorpos humanos que servirão de ajuda num possível tratamento eficaz contra o vírus H5N1 da gripe aviária.

Saturday, May 26, 2007

Gato com asas?

Aqui vai o link onde mostra uma mulher chinesa que alega que seu gato possue asas:

http://www.ananova.com/news/story/sm_2344838.html


A resposta que dou para ela é simples:"Não são asas".É só tirar uma radiografia dos membros extras desse gato e verão que a organização espacial dos ossos são mais semelhantes a de um membro de um felino do que a organização espacial dos ossos de uma asa de galinha ou de morcego.

Esses casos não são mistérios.Os biólogos agora sabem que órgãos podem ser estimulados a crescer em muitas partes do corpo (como olhos que crescem em asas de moscas, ver fotos num artigo de Eliane Evanovich da Biociencia, intitulado "Evolução da Visão em Cores": http://www.biociencia.org/index.php?option...d=106&Itemid=83 ) simplesmente se assegurando que químicos sinalizadores estejam presentes.E se existe um pré-padrão, um arranjo de fatores químicos que determinam a orientação dos ossos, então biólogos defendem que o surgimento de certos mutantes anômalos e mudanças evolutivas aparecem a partir de mudanças genéticas nas respostas celulares as suas posições.

Eu boto minha mão no fogo que não são asas por um motivo muito simples.Se a árvore filogenética padrão está certa, gatos nunca tiveram ancestrais que voaram.Mostrem a radiografia desses membros extras e verão que estou certo.

Friday, May 11, 2007

Aborígenes vieram de corrente africana de 50 mil anos, diz estudo

da France Presse, em Sydney

Novas evidências de DNA mostram que os aborígenes australianos descenderam de uma onda de migrantes que deixou a África cerca de 50 mil anos atrás. A afirmação é de cientistas da Universidade de Cambridge.

Os pesquisadores afirmam que as descobertas reforçam a teoria evolutiva conhecida como Out of Africa (saída da África), segundo a qual todos os homens modernos são descendentes de um único grupo de Homo sapiens que deixou a África cerca de 2.000 gerações atrás.

Até agora, o principal obstáculo para essa teoria era a enorme discrepância entre o esqueleto e ferramentas dos aborígenes e de pessoas em outras regiões ao longo da "via expressa costeira", a rota por meio da Ásia seguida pelos primeiros colonizadores.

Segundo a Universidade de Cambrigde, alguns estudiosos diziam que as diferenças demonstravam que os aborígenes australianos poderiam ter se miscigenado com o homem de Java (dos Homo erectus), ou que descendiam de uma segunda onda migratória saída da África. Mas análises em quase 700 amostras de DNA de aborígenes e do povo melanésio de Papua-Nova Guiné não mostraram evidências de herança genética do Homo erectus ou de interferências externas posteriores.

O cientista Toomas Kivisild, de Cambridge, disse que o estudo, publicado nesta semana na "Proceedings of the National Academy of Sciences", indica que os aborígenes e os melanésios partilham o mesmo ancestral, como outros humanos modernos.

Ele disse que a Austrália e a Papua-Nova Guiné eram unidas à Eurásia (Europa e Ásia) por uma estreita península na época da migração africana e seu subseqüente desaparecimento significou que as populações se desenvolveram em isolamento.

"A evidência aponta para um isolamento relativo após a chegada inicial", disse o cientista ao site da Universidade Cambridge. O estudo foi realizado por cientistas de Cambridge e da vizinha Anglia Ruskin.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u16414.shtml

COMENTÁRIOS:

É impressionante como se consegue confirmar hipóteses monofiléticas até mesmo em relações intra-específicas.O berço da humanidade ser a África é agora um fato científico tão contestável quanto a esfericidade da Terra.

Agora, analisemos uma curiosidade.Se os aborígenes se isolaram por dezenas de milhares de anos, porque não se especiaram?Em primeiro lugar, é bom considerar que o tempo de geração do ser humano é relativamente longo, assim 50 mil anos não seria um tempo suficientemente provável para para ocorrer uma especiação.Em segundo lugar, os humanos sãos uma espécie com baixa variabilidade genética.Não é possível encontrar sequer um grande conjunto de fenótipos específicos de uma população.É justamente devido a isso que o conceito "raça" não faz sentido para o Homo sapiens.Como a especiação usualmente requer seleção natural e esta depende de abundância de variação genética para que a taxa de evolução seja relativamente veloz, então podemos explicar porque foi provável que os aborígenes não se especiaram.

Friday, May 04, 2007

Espécie de inseto partenogênica volta a reprodução sexuada

Crotoniidae

Tiny spider relatives have rediscovered the joy of sex, regaining the ability to mate after their arachnid ancestors lost it, marking a reproductive first in the annals of animal evolution.

There are 45 known species of these spider relatives, mites known as Crotoniidae, which are roughly the size of a pin head, at 1.5 millimeters across.

The Crotoniidae reproduce by having sex, which wouldn't be too strange except that they are very similar physically to Camisiidae, a family of some 80 mite species that all reproduce asexually via parthenogenesis, in which females give birth to young without having sex with males.

Evolutionary biologist Katja Domes at the Technical University of Darmstadt in Germany and her colleagues examined genetic sequences in two Crotoniidae species and a diverse range of 13 other mite species. Their calculations show the sexual Crotoniidae evolved from the asexual Camisiidae, the first known reversal to sexuality from asexuality within the animal kingdom. (The only other known such reversal is a plant, the mouseear hawkweed, or Hieracium pilosella.)

Domes and her colleagues detailed their findings online April 16 in the Proceedings of the National Academy of Sciences.

The Crotoniidae and the Camisiidae are types of mites known as oribatids, where parthenogenesis is unusually widespread, seen in nearly one-tenth of the roughly 10,000 known oribatid species. Scientists know many parthenogenetic oribatids produce rare, sterile males, suggesting the ability to produce functional males was preserved but "dormant" in the Camisiidae and reactivated in the Crotoniidae.

When it comes to why the Crotoniidae regained sexuality, Domes noted these mites often colonize trees. Tree-dwelling oribatids are nearly all sexual, while soil-dwelling oribatids such as Camisiidae are predominantly parthenogenetic.

If plenty of resources are available over a long time to a species, as they are with soil-dwelling mites, parthenogenesis seems to be favored, Domes explained. On the other hand, an environment with fewer resources and more enemies, such as one that tree-dwellers face, "could have caused the return to sexual reproduction in the Crotoniidae and may also be an explanation for the origin of sex in the first place," she told LiveScience.

"The most important implication is that contrary to general opinion, sexual reproduction can be regained long after it is lost," evolutionary geneticist Bill Birky at the University of Arizona told LiveScience.

"This implies that the genes required for producing males can be retained, even when those genes are rarely if ever used to produce males," he said. "This could be because male production is important even though it is rare, or it could be because those genes have important functions other than male production."

Fontes:

http://www.livescience.com/animalworld/070416_mite_sex.html
http://www.animalplanet.ca/reports/article.aspx?aid=807

COMENTÁRIOS:

Como era de se esperar um retorno para a reprodução sexuada envolveu alterações em genes reguladores, aqueles que controlam a expressão gênica, já que fioi dito na reportagem que "genes para roduzir machos foram retidos".Não deixa de surpreender o nível de evolutibilidade e flexibilidade que esses genes conferem aos organismos e o exemplo dessa espécie de inseto é apenas um entre muitos.

Por outro lado, essa descoberta veio conformar como a questão da evolução da reprodução sexuada é um problema intrigante.Existe uma lista de aspectos complexos, custosos e inficientes que sugere que sexuados são mais complicados que sexuados.O caminho para resolver este dilema requer que se faça uma lista e uma quantificação das vantagens seletivas dos sexuados e do as assexuados e, então, julgar um balanço entre elas.Uma das vantagens das espécies sexuadas está em eliminar as mutações mais efetivamente que os assexuadas.E para isso, é necessário que as mutações deletérias aumentem o efeito, uma das outras, sobre o desempenho.Seria este o caso dos Crotoniidae?Talvez mais trabalhos serão necessários para responder esta pergunta.Eu recomendo que quem estiver interessado num aprofundamento do que discuti brevemente aqui, leiam o Capítulo 7 de Evolução:Uma Introdução (2003, Atheneu Editora São Paulo) de Stephen Stearns e Rolf Hoekstra.