Tuesday, June 26, 2007

Cientistas encontram vestígios de pingüins gigantes no Peru

da Folha Online

Pingüins gigantes viveram no atual Peru há mais de 40 milhões de anos. A data é anterior às previsões dos cientistas sobre a disseminação da espécie para áreas mais quentes, que acreditavam que isto havia ocorrido há cerca de 10 milhões anos.

Conhecidos por sua presença na Antártida, os pingüins vivem hoje em diversas ilhas no Hemisfério Sul.

Na edição on-line da revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" desta semana, um estudo mostra fósseis de pingüins que datam de 40 milhões de anos.

Um dos animais tinha cerca de 1,5 metros e um bico longo.

A paleontologista Julia Clarke, professora assistente de ciências terrestres, atmosféricas e marinhas da Universidade Estadual da Carolina do Norte, disse que estava surpresa com a nova descoberta.

O maior pássaro é o terceiro maior fóssil de pingüim já encontrado, de acordo com a cientista.

"Na maioria dos casos, os indivíduos maiores de uma espécie geralmente estão ligados a climas mais frios e latitudes maiores", disse a cientista.

Outros fósseis encontrados são de uma espécie de pingüim cujo tamanho se assemelha ao atual destes animais.

A pesquisa foi patrocinada pelo National Science Foundation Office of International Science and Engineering and the National Geographic Society.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u307083.shtml

COMENTÁRIOS:

O que me chamou a atenção é que a explicação que maiores animais de uma espécie geralmente não são esperados para ser encontrados em latitudes baixas.Acho que deve existir alguma explicação adaptativa para isso, embora não faço idéia de qual seja.Se a paleontologista citada na reportagem acredita no pan-adaptacionismo, não deveria ficar surpresa com a "instabilidade" dos critérios da seleção natural.Isso é uma coisa tão comum que os biólogos nem se surpreendem mais.

De qualquer forma, o pan-adaptacionismo não é um confiável guia universal para investigar as causas históricas das diferenças entre os traços de determinados táxons.Por exemplo, os cientistas atualmente acham que as alterações na forma de um osso a taxas diferentes em dimensões múltiplas, o chamado "crescimento alométrico", pode ocorrer sem ter como causa a seleção natural.Em outras palavras, descobrir porque um determinado caráter se fixou é uma investigação mais complexa que muitos imaginam.

Friday, June 01, 2007

Criatura encontrada em lagoa no RJ preenche lacuna evolutiva

EDUARDO GERAQUE da Folha de S.Paulo

Uma criatura que vive na lagoa de Araruama, no Rio de Janeiro, é tão diferente de tudo o que a ciência já viu que levou mais de 25 anos até que alguém entendesse o que ela era.

Agora que já se entendeu, o Magnetoglobus multicellularis (literalmente, "bola magnética multicelular") já pode ser devidamente apresentado. Ele vem preencher um hiato evolutivo que sempre separou os seres procariontes (seres sem núcleo celular definido) dos eucariontes (que têm núcleo definido).

"Descrevemos o organismo como sendo uma bactéria multicelular", explica Henrique Lins de Barros, físico do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e co-autor do estudo descrevendo a criatura.

O artigo é capa da edição de junho da revista "International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology".

Para o pesquisador, está claro que o organismo estudado por eles não é uma colônia, forma pela qual as bactérias também podem se organizar. "Não é uma por uma série de motivos. Quando uma das células é retirada, por exemplo, o organismo morre. Existe troca de informações entre as células, elas não são independentes."

No flagra

"Em média, os organismos estudados pelo nosso grupo, todo brasileiro, têm 20 ou 40 células", explica o físico. Esses dois tamanhos --um exatamente o dobro do outro-- intrigaram os cientistas. O mistério só foi elucidado quando o ciclo de reprodução dessa nova espécie passou a ser entendido.

"As células vão crescendo em volume ao mesmo tempo. Em um determinado momento elas sofrem uma divisão, dando origem a seres de 20 células", afirma o pesquisador. Os Magnetoglobus de 40 células haviam sido, digamos, apanhados em pleno ato reprodutivo.

Uma das hipóteses defendidas pelo grupo brasileiro, formado também por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da USP (Universidade de São Paulo), é que o Magnetoglobus possa ser uma forma de vida intermediária entre as bactérias e os demais seres vivos.

"Até hoje existe um dogma de que não pode haver bactérias multicelulares. Talvez porque até hoje nunca havia sido observada uma delas", afirma Lins de Barros.

O organismo fluminense tem uma outra característica por enquanto inédita na natureza. Ele produz ao mesmo tempo dois tipos de cristal com ferro, a magnetita e a greigita. Apesar de esses processos de biomineralização serem bastante conhecidos, a produção de ambos os cristais por um único organismo ainda não fora descrita.

Essas estruturas ajudam o Magnetoglobus a responder, e de forma bastante rápida, a campos magnéticos. Segundo Lins de Barros, esse fenômeno é usado pelo organismo para se mexer mais rapidamente, em busca de alimento na areia.

"Como cada uma das células responde ao campo magnético de forma independente, mas de maneira que uma colabora com a outra, é mais uma prova de que essa bactéria multicelular tem uma unidade biológica". O físico fez um modelo matemático para reproduzir o deslocamento do organismo.

O material genético da megabactéria também afasta a hipótese de que se trata de uma colônia, diz o grupo: ele não é igual em cada célula, como seria o esperado.

O desafio agora é dominar o metabolismo dessa criatura para que ela possa ser cultivada em laboratório --algo que não se consegue fazer desde a descoberta do ser, em 1982. Isso é importante para que a descrição científica feita do organismo pelos brasileiros seja confirmada por outros grupos.

Por enquanto, o nome da bactéria leva em si um grau de incerteza: Candidatus Magnetoglobus multicellularis.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u300835.shtml

COMENTÁRIOS:

Na verdade, já havia sido registrado caso de uma alga unicelular que havia se transformado em organismo multicelular (Boraas M, Seale D. and Boxhorn J. (1998).Phagotrophy by a flagellate selects for colonial prey: a possible origin of multicellularity. Evolutionary Ecology 19: 153-164) , mas a detecção da existência de bactéria multicelular é algo inédito.Talvez devido a isso:

"A vida depende do metabolismo, efectuado em todo o volume celular, mas as trocas com o meio, nomeadamente a entrada de nutrientes e a saída de excreções, são realizadas através da superfície celular.

Este raciocínio permite compreender facilmente que haverá uma razão óptima para a qual as trocas são adequadas ao metabolismo desenvolvido.

Estudos revelaram que esse valor corresponde ao tamanho da célula eucariótica, 50 a 500 mm. A partir deste valor o aumento de tamanho de um organismo implica a passagem á multicelularidade, para que a relação correcta seja mantida.

No entanto, mesmo a multicelularidade apresenta a mesma limitação pois os organismos muito pequenos perdem demasiado calor, e os grandes têm grande dificuldade em perde-lo, por exemplo."

http://curlygirl.no.sapo.pt/eucariotica.htm

Devido a dificuldade de haver multicelularidade sem um tamanho ótimo, acho que é imprudente dizer que é uma forma intermediária entre procariontes e eucariontes.É mais fácil essa multicelularidade deste representante do Reino Monera ser homoplasia mesmo.